A obikwelu do lar

“Aproveita agora que depois a vida muda muito”, “Quando
tiveres filhos é que vais saber dar valor” e blá blá blá wiskas saquetas. Ouvi estas
frases umas 9.835 vezes ao longo da minha jovem vida. Xiça todos tinham razão. A minha mãe tinha razão, a
minha avó tinha razão, inclusivamente o gajo do talho do Intermarché tinha razão e eu a pensar que tudo não passava de um mito, tal como
juntar leite com laranja mata.
O rapaz chegou à 8 meses e desde então tornei-me a obikwelo
do lar. Apesar do horário laboral reduzido chego a casa, meto o meu melhor traje caseiro e começa o treino. É uma
correria entre brincadeiras, descascar batatas sem arrancar um bife
ao dedo, fazer sopas, ferver água sem me quimar, desalojar bactérias dos biberões, dar banho
ao puto, dar-lhe jantar, ouvir as músicas infernais do baby TV, e metê-lo a
xonar. Obviamente que isto é só o aquecimento porque depois começa o treino a
sério, fazer o pitéu, arrumar cozinha, tratar da interminável roupa, desencrostar cocó da roupa
do baby (muito bom), arrumar brinquedos que entretanto jazem por todo o lado da
casa, preparar roupas, mochila e afins para o dia seguinte e por fim tomar
banho, xixi, cama.
Ahhh, chega a parte boa do treino o alongamento mas 10 minutos
depois o baby berra no quarto ao lado e pronto acabou o sossego. A noite é
igualmente animada pelo soprano Salvador. A minha vida é isto…dizem que é uma
fase!
Moral da história, não há tempo nem para tirar o mustache!
P.S: Se também és mãe e sofres das mesmas dores, junta-te ao clube e podemos partilhar o lenço do ranho!!!