As Mixórdias da Minha Avó

Tenho a avó mais cutxi cutxi do mundo. Aliás todos nós temos
a melhor avó do mundo porque elas são senhoras muito especiais. A minha por
exemplo, com quase 80 anos adora passear e apesar de uma vida dura de trabalho
no campo, vingou-se na velhice tendo na última década aproveitado para conhecer algumas
coisas. Ela foi à “Bósna de TVG”*, ela foi “da França”* e até já foi aos Açores
digamos que é a “campiona”* da galderice! 
E doces? Ui, apesar dos senhores “diabos”* estarem alojados confortavelmente no
seu corpinho ela não dispensa uma boa sobremesa, gelado, bolinho, etc…tudo o
que tiver “açúcre”* marcha pois o que é doce nunca amargou e uma pessoa precisa
de se alimentar ou “a pele não aguenta com o peso dos ossos”*. Por vezes aspira
alimentos até “vomitar fora”*, mas segundo ela só provou um pedacinho. A minha
avó é mesmo um bom garfo, gosta de tudo exceto “slada dalfaça”* isso é que não
xiça, mas a senhora é algum coelho anão? O problema é quando faz “análzas” *principalmente
se for na “amblança”*.
A generalidade das avós dedica-se a fazer bolinhos e coisas fofas, já a minha é
o Macgyver das mézinhas populares. O seu passatempo preferido é colher ervas,
paus, calhaus e tojos, ferver e guardar as miscelâneas em garrafinhas. Segundo
ela é o melhor “remédo”* para todas as maleitas. Mas o ingrediente top é o Aloé
Vera, a minha avó é capaz de curar gripes, sarar feridas e pintar as unhas com
o ranho que aquilo deita. Parece bruxarias mas não, são muitos anos de
experiência no campo. É uma querida e eu gosto mesmo muito dela, mas confesso
que sou incapaz de beber as suas mixórdias.

*Avózês (dialeto muito particular da minha avó)

Moral da história, sou uma sortuda por ainda ter avó
espírito Euro 2012