O sexto sentido de mãe

Dizem que as mães nunca se enganam e cada vez estou mais certa disso.

Recebo um telefonema da escola a informar que o mais novo tem febre alta, nada de novo passamos a vida nisto.
Sucederam-se dois dias de temperaturas altíssimas a rondar os 40 graus, mililitros de Brufen e Benuron tomados, banhos tépidos e afins numa tentativa de baixar o vulcão que era aquele pequeno corpinho.

Passaram dois dias e fomos às urgências. Os entendidos em saúde defendem que devemos dirigir-nos ao hospital após 3 dias de febres ou outros sintomas. Acho demasiado tempo, é cruel ver os nossos filhos a sofrer durante tantos dias sem respostas às mil dúvidas e incertezas que nos surgem nestas alturas.

Por sua vez também há pais que exageram e ao mínimo arranhão abancam com as crianças no hospital expondo-as a bichezas diversas. Tem de haver bom senso obviamente.

 A espera foi longa e a consulta demasiado tensa. Foi observado, auscultado e não apresentava qualquer sintoma que conduzisse a um diagnóstico concreto. Quase saímos com mais uma virose ou resfriado na caderneta não fosse o meu sexto sentido de mãe.

Insisti com a médica que era estranho febres tão altas e que o menino estava alterado, não dormia e mais uma série de argumentos que deixaram a pediatra um bocadinho irritada! Sugeri analises, ela fitou-me como se eu fosse uma cruela caprichosa com vontade de espicaçar o filho.

Respondeu que não via necessidade em picar o menino. Insisti novamente e creio que o meu olhar fulminante a convenceu. Se as ciganas conseguem gesso nos pés dos filhos porque não conseguiria eu umas analises, pensei vitoriosa.

Os resultados demoraram uma vida e as notícias não eram as melhores.

Foram precisos três médicos para interpretar os resultados e isso assustou-me. A minha cabeça dava mil voltas, entrei numa bolha e só me apetecia chorar. Uma pessoa sente-se minúscula, esmagada nestes momentos.

“Vamos fazer um Raio X para perceber de onde vêm estes valores”, disse a pediatra.

Mais uma eternidade de espera e só pensava em coisas horríveis.

Santiago gabinete 1 – fiquei colada à cadeira durante uns segundos, não queria ouvir o que iam dizer mas lá ganhei coragem. Fonix que angústia.

Pneumonia Bacteriana, 10 dias de tratamento

A história é longa e não quero assustar ninguém. Pretendo unicamente deixar este testemunho para valorizarmos os pequenos sintomas que observamos, por vezes são muito vagos ou quase inexistentes e isso pode mascarar algum problema maior.

Se tivesse saído daquelas urgências com mais uma virose as consequências no pulmão do bebé podiam ser nefastas mas fui persistente e consegui que aprofundassem as causas daquelas febres altas.

Sigam o vosso instinto.